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Costa Atlântica '18

Se há dois meses eu e a Triban nos preparávamos para a primeira grande aventura...está agora na hora de descrever esta pequena história e ficar gravada para sempre nas nossas memórias!


Dia 1 (Coimbra > Tomar)


Foi no dia 26 de maio de 2018, por volta das 12h que eu e a Triban, apesar da chuva lá fora, saímos para a nossa primeira grande viagem por Portugal.

O destino para este primeiro dia era Tomar, tendo que mudar logo de planos neste primeiro dia, pois as condições climatéricas não estavam favoráveis e optei por abandonar a ideia de seguir pela costa e assim, seguir de forma mais direta para Lisboa, evitando o mau tempo e conseguir pernoitar as duas primeiras noites em casa de familiares.


Para evitar o trânsito da IC3 segui pelas estradas secundárias em direção a Miranda do Corvo que, com todo o peso nos alforges logo me apercebi não ter sido a opção mais acertada, pois o esforço de pedalar por caminhos desnivelados aumentaram e muito a dificuldade para este primeiro dia!

A chuva foi também acompanhado a viagem, mas num ritmo lento lá consegui chegar a Tomar por volta da hora de jantar, sem grandes sobressaltos.

Resumo do dia:

Dia 2 (Tomar > Lisboa)

No segundo dia o objetivo era chegar a capital e após o pequeno almoço lá deixei a bela cidade de Tomar rumo a sul.

Sempre a um ritmo bastante baixo, em modo "turismo", lá segui pela Golegã, Almeirim, onde tive direito a uma visita na estrada de um companheiro motociclista, parando várias vezes para me hidratar e alimentar.

Já perto da capital, pela zona do Azambuja apanhei um vento bastante forte que fez com que tivesse que aumentar o esforço físico e atrasando a minha chegada a casa dos meus familiares...que já esperavam por mim para jantar!


Neste dia rolamos cerca de 125km completando assim a fuga ao plano inicial, que era seguir até aqui pela costa...mas assim consegui ganhar um dia e escapar ao mau tempo que se fazia sentir por estes dias, com a vantagem de pernoitar em casa de familiares, quentinho e confortável.


Resumo do dia:

Dia 3 (Lisboa > Praia do Pego)

No terceiro dia saí de Lisboa sem qualquer destino, apenas com o objetivo de prosseguir viagem em direção ao sul.

Deixei Lisboa para trás no comboio, em direção a Coina, para daí poder subir o Parque Natural da Arrábida e poder contemplar a bela paisagem lá do alto.

Já com Troiá à vista e com o sol a começar a aparecer estava também na hora de seguir viagem em direção a Setúbal, para apanhar o ferry e seguir viagem até Troia.

Deu ainda para dar um pequeno passeio pela península de Tróia, mas como já começava a ficar tarde fiz-me à estrada em direção a Melides.

Como não consegui chegar ao parque de campismo e começava a anoitecer resolvi virar em direção à costa para poder pernoitar numa praia.

Acabei por ir ter a praia do Pego, que confesso, nunca ter conhecido antes de aqui chegar para acampar e passar a noite. Apesar do vento forte deu para montar a tenda, cozinhar algo e ainda poder contemplar um belo pôr de sol antes de deitar.


Resumo do dia:

Dia 4 (Praia do Pego > Porto Covo)

Depois de ter adormecido sobre um forte vento, de manhã acordei com tudo mais calmo à minha volta. Ainda era bastante cedo, mas como já não tinha sono estava na hora de arrumar tudo e deixar tudo limpinho para prosseguir viagem.

O tempo ainda estava esquisito e o sol ainda se mantinha escondido por detrás das nuvens, o que nem era uma desvantagem, pois permitia-me rolar mais quilómetros sem sentir aquele calor abrasador.

O objetivo de hoje era chegar a Porto Covo e dormir no parque de campismo.

O tempo continuava nublado e de vez em quando chuviscava, tendo que vestir o impermeável para me manter seco.

Acabei por chegar a Porto Covo ao início da tarde, dando tempo ainda para uma voltinha pelas ruas e comprar algo para jantar.

À hora de jantar, já no parque de campismo fui convidado para me juntar a uma mesa, onde acabei por conhecer um outro ciclista, alemão, de seu nome Ari que já pedalava pela Europa há uns meses.

Resumo do dia:

Dia 5 (Porto Covo > Odeceixe)

Na noite anterior tinha descoberto pelo "Booking" um quarto numa pensão em Odeceixe a um preço mais baixo que um parque de campismo e não hesitei em reserva-lo. A distância desde Porto Covo não era assim tanta e por isso para este dia Odeciexe seria o meu destino final.

Deixei Porto Covo em direção à Ilha do Pessegueiro e daí segui por uns caminhos de terra batida em direção a Vila Nova de Milfontes.

O pior estaria para vir quando já perto de Vila Nova de Milfontes e bem junto à costa tive que atravessar uns caminhos de areia, que apesar do gps me indicar que seriam "apenas" 10km de caminho, estes transformaram-se num verdadeiro "inferno" e fizeram-me empurrar a Triban por mais de duas horas até alcançar Vila Nova de Milfontes.

Quando alcancei Vila Nova de Milfontes estava exausto e apenas deu para descansar um pouco, pois como já tinha reserva feita em Odeceixe tinha agora que me apressar para lá chegar.

De Vila Nova de Milfontes segui em direção ao Cabo Sardão e daqui apesar da rota me indicar para prosseguir pelo asfalto, como já conhecia e sabia que dava para seguir junto a costa por uns caminhos de terra/arreia, resolvi desviar-me da rota e seguir por aí.

Segui por esse caminho até ao Porto das Barcas descendo um escadario íngreme no final com a Triban às costas, o que me fez demorar mais uns 30 minutos...estava a ser sem dúvida o dia mais "louco" desta aventura!

Já começava a ficar tarde e estava a ver que não chegava a tempo do "check-in" na pensão...mas arranjava ainda tempo para uma última paragem, na Zambujeira do Mar.


Com o tempo cada vez mais apertado, ainda teria que enfrentar uma última surpresa, pois o caminho da Zambujeira até Odeceixe sobe e bem, fazendo com que me atrasasse ainda mais...de mota sempre foi mais fácil!

Lá cheguei 1h depois do "check-in" mas sem qualquer problema lá guardei a Triban na garagem e instalei-me nas instalações para um merecido descanso.

Resumo do dia:

Dia 6 (Odeceixe > Monte Ruivo)

Ao sexto dia de viagem voltaria a prosseguir viagem sem nada preparado nem definido...era seguir até onde o destino nos levasse.

Saindo da pensão fui em direção à praia de Odeceixe para daí seguir por uns caminhos pedonais até à Praia de Vale dos Homens...onde acabaria por almoçar e descansar um pouco.

E finalmente o sol fazia-se notar.

Sempre que possível prosseguia pelos caminhos pedonais e estradas secundárias...alcançando Aljezur, onde deu para efetuar uma pequena paragem e reabastecer-me de comida.

Prosseguindo viagem fizemos ainda umas paragens rápidas nas praias da Amoreira e da Arrifana.

Como já era tarde e tornava-se perigoso circular pela falta de luz, ao avistar um moinho abandonado não pensei duas vezes e parei ali mesmo para pernoitar. Já não dava para chegar à Bordeira neste dia.

Resumo do dia:

Dia 7 (Monte Ruivo > Sagres)

Após ter passado um noite calma junto ao abandonado moinho, levantei-me cedinho pois neste dia queria já alcançar Sagres, destino que tinha em mente desde a saída de Coimbra.

Assim, continuei a viagem pelos belos trilhos do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina até à Praia da Bordeira.

Da praia da Bordeira segui sempre junto à costa pelo Pontal da Carrapateira, passando ainda pela praia do Amado.

Parei ainda em Vila do Bispo para comprar alguma comida, antes de prosseguir viagem até ao Cabo de São Vicente.

Do Cabo de São Vicente segui para Sagres, alcançando finalmente o objetivo e destino final.

Acabei por pernoitar no campismo da orbitur em Sagres.

Alcançado o objetivo decidi de Sagres prosseguir até Portimão no dia seguinte para depois daí voltar a casa de comboio.

Resumo do dia:

Dia 8 (Sagres > Alvor)

Com a Triban a parecer já uma "mula de carga", deixei Sagres para trás e fui em direção a Portimão.

Como tinha tempo e nunca tinha explorado muito esta zona de Portugal, decidi fazer um desvio até à praia do Zavial, sugerido por um amigo surfista.

Daí prossegui em direção a Lagos e começava a ver um Portugal "diferente", virado já para um turismo diferente($).

Visitei ainda a praia de Dona Ana e acabaria por optar por ficar no parque de campismo do Alvor.

Resumo do dia:

Dia 9 (Alvor > Serro da Bica)


Acordava ao dia 9 desta viagem pronto para finalmente terminar esta aventura e finalmente regressar a casa, tendo apenas de deixar o Alvor e alcançar Portimão para daí seguir para Coimbra de comboio.

Deixo eu o parque de campismo a meio da manhã, com o tempo todo controlado, pois já sabia o horário de saída do comboio.

Fui até à praia de Portimão para fazer mais um pouco de tempo e passar lá o tempo, pois nem as condições climatéricas convidavam a mais.


Sigo para a estação da CP e mal eu sabia o que me esperava...chegado à estação e pedindo um bilhete de ida para Coimbra o senhor diz-em que todos os bilhetes estão esgotados, devido ao fim de semana prolongado.


Ok penso eu, fico por cá mais um dia e regresso amanhã (segunda feira dia 04/06). Errado pois o senhor informa-me que a CP entraria de greve nos próximos dias, sugerindo-me tentar "a sorte" na estação de autocarros.


Dirijo-me à estação de autocarros e vendo a minha Triban completamente carregada avisam-me que dificilmente o motorista me deixaria viajar assim e que teria que desmontar a bicicleta, arranjar uns cartões e viltafilmar a mesma.


Chegando o motorista e vendo muita gente a entrar no autocarro, vi logo que não conseguiria viajar, mas por descargo de consciência la perguntei ao motorista que me disse o que já tinha ouvido.


A um domingo e já sem grande paciência nem me apeteceu procurar um sítio que me dessem cartões e pudesse comprar "filme plástico".

Sem grandes opções e achando eu que por ser fim de semana prolongado haveriam várias pessoas a viajar de regresso para a Capital, lá fui eu para a IC1 esperançoso que uma alma caridosa me desse boleia pelo menos até Lisboa e depois de lá logo me desenrascava.


Lá fui em direção ao IC1 também para evitar a serra de Monchique e lá tentei a minha sorte de pedir boleia...sem sucesso.


Obrigado a prosseguir viagem de bicicleta pela perigosa IC1 começava agora a pensar, enquanto anoitecia, onde iria pernoitar neste dia, pois ao longo da estrada não encontrava qualquer opção e estava ainda bem longe de Grândola.


Acabei por avistar uma humilde placa junto à estrada a indicar um parque de campismo e sem pensar duas vezes fui nessa direção.

Admirados os donos do campismo confidenciaram-me que ali nunca esperariam encontrar um ciclista nas suas instalações, mas ficaram contentes por poder albergar um.


Deu para aqui descansar e tentar idealizar um plano para o dia seguinte que seria sempre tentar alcançar Lisboa.


Resumo do dia:

Dia 10 (Serro da Bica > Grandola >> autocarro >>Lisboa >>camião>> Coimbra)

Com o objetivo de alcançar Lisboa neste dia, mesmo sabendo que percorrer os mais de 200km, após o cansaço acumulado dos últimos dias seria quase impossível, la saí do parque de campismo confiante.

Continuei pela IC1 e quando o cansaço apertava tentava novamente pedir boleia, mas sem sucesso...nem sequer uma paragem para me perguntarem se precisava de ajuda com a bicicleta ou se estava bem.

Durante o caminho houve um seguidor que me indicou haver uma estação da Rede Expressos em Grândola e como era um local mais pequeno, talvez houvessem menos pessoas a viajar para Lisboa e me facilitassem o transporte da bicicleta.

Olhando para os horários de saída de autocarro e vendo onde estava o tempo de chegada seria muito apertado pelo que tive de dar o último esforço para chegar a tempo...chegando ao destino com apenas dois minutos antecedência, mas a tempo de "subir a bordo".

Felizmente o motorista foi compreensivo e disse-me que até Lisboa estava safo.


Chegando a Lisboa verifiquei que tinha apenas autocarro para Coimbra depois das 19:30h, correndo o mesmo risco de Portimão, de ali ficar e depois o motorista não aceitar levar a Triban como estava.

Como tinha neste dia um amigo camionista que vinha a Azambuja carregar o camião, não hesitei e resolvi fazer-me à estrada enquanto ainda estava dia, para ir ter com ele e depois dar-me boleia até Coimbra.

já perto das 23h apareceu o amigo Carlos que assim me levaria para Coimbra e ajuda a terminar da melhor maneira este pequena aventura pela Costa Atlântica.


Resumo do dia:

A aventura em números:

- 10 dias de viagem;

- 906,18km percorridos;

- 119,21€ gastos*;

- € em dormidas: 56,6€;

- € em alimentação: 41,41€;

- € em transportes: 21,20€;

- 2 dormidas em casa de familiares;

- 2 dormidas campismo selvagem;

- 1 dormida em pensão;

- 4 dormidas em parque de campismo;

- 1 boleia de camião.


*Poderia contabilizar ainda cerca de 35€ em alimentação, que gastei para levar nesta viagem, desde comida desidratada, enlatados e barras energéticas, totalizando assim os custos em cerca de: 155€.

Não contabilizo nestas despesas o valor da bicicleta e preparação da mesma, que rondaria os 400€.


Viajar de bicicleta não estava até há bem pouco tempo nos meus objetivos/planos de viagem, mas esta experiência superou e muito as minhas expetativas. Viajar apenas com a nossa bicicleta, a deriva foi uma experiência bastante enriquecedora e que recomendo a todos os que tenham oportunidade.


Como viram não precisam de uma bicicleta boa nem de equipamento excelente, basta termos o básico, uns "trocos" e muita vontade de ir.


A Triban chegou bem e já só pensa na próxima aventura :D


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